Por Pedro Humangous
Resenhar um disco de uma banda
consagrada parece fácil, mas é tarefa difícil. Principalmente quando estamos
falando dos mestres do Doom, Paradise Lost. Após alguns anos mais voltados para
um som mais arrastado e “limpo”, foi bom ver os caras apostando em algo mais
agressivo, voltando com os vocais guturais como nos velhos tempos.
Surpreenderam bastante em 2015 com o excelente “The Plague Within”, e repetem a
dose agora em 2017 com “Medusa”. A arte da capa, nada tradicional, já impacta
bastante pela falta de contraste (tudo meio chapado, sem muitos detalhes e acabamentos)
e pelo roxo gritante – confesso que, apesar da simplicidade, gostei. “Fearless
Sky” abre o álbum de forma magnífica, magistral, com mais de oito minutos de
duração, a introdução é épica, seu andamento remete a um zumbi repleto de
correntes, o caminhar arrastado aparentemente sem rumo, mas raivoso e sedento.
Depois de tantos anos e tantos discos lançados, obviamente os caras acertaram
os ponteiros e aqui tudo soa perfeito, o timbre das guitarras está surreal, o
baixo sujo e presente, a bateria seca na medida certa e as vozes de Nick Holmes
estão estupendas – “Gods Of Ancient” é um perfeito exemplo. Uma coisa que não
podemos negar é a ousadia na carreira do Paradise Lost, eles nunca deixaram de
arriscar e a cada novo álbum lançado gera uma expectativa enorme – o que será
que eles trouxeram dessa vez? “Medusa” está muito mais Doom do que
anteriormente, os vocais guturais prevalecem e as composições estão ainda mais
densas, mais obscuras. Esse trabalho soa como a trilha sonora do fim dos
tempos, um pano de fundo para os dias tristes em que vivemos atualmente. Mas
não pensem que o lado Gótico foi deixado de lado, muito pelo contrário, está
presente como nunca, mas mais bem dosado e misturado de forma inteligente entre
os riffs insanos que Greg Mackintosh e Aaron Aedy criaram. O clima soturno e
melancólico estranhamente conforta os ouvidos – basta ouvir “The Longest Winter”
para entender. O disco todo tá um arregaço, mesmo assim ainda vale destacar as
excelentes “No Passage For The Dead” e “Blood & Chaos”, ambas de arrepiar!
A versão nacional, lançada pela Shinigami Records, ainda conta com duas faixas bônus, “Shrines” e “Symbolic
Virtue”. Sei que é muito arriscado dizer isso, mas talvez este seja um dos
melhores álbuns da carreira do Paradise Lost, exatamente por ser mais coeso, um
resumo de tudo o que de melhor eles apresentaram ao longo dos anos. Bom, o
melhor a fazer é ouvir e tirar suas próprias conclusões. O que é inegável é a
qualidade desse trabalho e a certeza de que figurará entre os melhores do ano.
Clássico absoluto!
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