domingo, 4 de junho de 2017

Review: Warbringer - Woe To The Vanquished


Por Pedro Humangous

Bom, precisamos começar falando dessas bandas de Thrash Metal moderno – ou da atualidade, como preferirem. As bandas que criaram o estilo, e são os grandes medalhões, ainda estão por aí, na ativa e lançando discos. Surgiu então a onda das “revival bands”, que tentaram emular a sonoridade dos anos 80, criando novos álbuns baseados em bandas que fizeram sucesso nessa década – e convenhamos, funcionou muito bem. Não preciso citar nomes, vocês conhecem todos na ponta da língua. Como se não bastasse, surgiu então a onda das bandas que fazem Thrash mais moderno, mais atual, abusando da tecnologia à nossa disposição para criarem discos incríveis, impactantes e nervosos, mas ainda assim mordendo no calcanhar de seus ídolos, criadores do estilo. Então fica a pergunta no ar: o Thrash Metal está estagnado? Está fadado a se autocopiar para sempre em um loop infinito? Quais bandas atuais vêm à sua mente quando falamos de Thrash hoje em dia? Havok, Evile, Angelus Apatrida, Municipal Waste, Toxic Holocaust, Vektor, etc. Obviamente cada uma tem seu tempero, mas todas soam quase que iguais, sempre calcadas em outras como Exodus, Kreator, Sodom, Destruction, Testament, entre outras. E isso é ruim? Não necessariamente, mas quis deixar esse texto introdutório como reflexão.


“Woe To The Vanquished” é o quinto álbum dos americanos do Warbringer, trazendo uma temática interessante (porém clichê – Guerra Mundial) e uma maravilhosa arte para capa, feita pelo renomadíssimo Andreas Marshall. Talvez por terem nascido em terras norte americanas, suas maiores influências estejam na Bay Area, sentimos o cheiro de Exodus (principalmente na estrutura dos vocais) e Testament (vários momentos do instrumental) por toda a parte. Mesmo assim, consigo notar grandes similaridades com o Destruction e Kreator, mostrando que a escola alemã também teve sua força na formação desses jovens. Interessante como conseguiram imprimir um ritmo variado ao disco, fazendo transições imperceptíveis entre a velocidade extrema e momentos mais cadenciados, sem perder impacto (“Spectal Asylum” é um belo exemplo disso). A primeira parte do álbum é mais porrada, mais rápida e direta, reservando a técnica e riffs mais intricados para a segunda parte, temos inclusive a última faixa com mais de 11 minutos (isso mesmo, uma faixa de Thrash com mais de 11 minutos de duração!), uma jogada ousada e desafiadora, mas que funcionou muito bem. “When The Guns Fell Silent” traz de tudo um pouco, introdução lenta com narrações, passagens de baixo isolado, riffs com guitarras gêmeas, solos, dedilhados de guitarra, enfim, uma música bastante variada e surpreendente. E isso responde muita coisa que mencionei acima, sobre inovar e trazer novos sabores ao surrado Thrash Metal – pontos extras ao Warbringer. “Divinity Of Flesh” é uma das minhas favoritas, abusando das guitarras dobradas, seu riff inicial é matador e viciante, flertando abertamente com o Melodic Death Metal, técnica apurada (que me lembrou um pouco de Trivium com Revocation), tudo isso fez com que esse fosse o ponto alto do disco, uma das melhores da banda até o momento. “Woe To The Vanquished” sai da zona de conforto, experimenta um pouco mais e ganha meu respeito exatamente por essa ousadia, pela necessidade de mostrar algo novo, mesmo que não seja nada espetacularmente fora da curva, mas trouxe de volta minha vontade de ouvir o bom e velho Thrash Metal. Olhos e ouvidos abertos ao que o Warbringer ainda pode nos trazer no futuro. 


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