Por Pedro
Humangous
Bom, precisamos começar falando
dessas bandas de Thrash Metal moderno – ou da atualidade, como preferirem. As
bandas que criaram o estilo, e são os grandes medalhões, ainda estão por aí, na
ativa e lançando discos. Surgiu então a onda das “revival bands”, que tentaram
emular a sonoridade dos anos 80, criando novos álbuns baseados em bandas que
fizeram sucesso nessa década – e convenhamos, funcionou muito bem. Não preciso
citar nomes, vocês conhecem todos na ponta da língua. Como se não bastasse,
surgiu então a onda das bandas que fazem Thrash mais moderno, mais atual,
abusando da tecnologia à nossa disposição para criarem discos incríveis,
impactantes e nervosos, mas ainda assim mordendo no calcanhar de seus ídolos,
criadores do estilo. Então fica a pergunta no ar: o Thrash Metal está
estagnado? Está fadado a se autocopiar para sempre em um loop infinito? Quais bandas
atuais vêm à sua mente quando falamos de Thrash hoje em dia? Havok, Evile,
Angelus Apatrida, Municipal Waste, Toxic Holocaust, Vektor, etc. Obviamente
cada uma tem seu tempero, mas todas soam quase que iguais, sempre calcadas em
outras como Exodus, Kreator, Sodom, Destruction, Testament, entre outras. E
isso é ruim? Não necessariamente, mas quis deixar esse texto introdutório como
reflexão.
“Woe To The Vanquished” é o quinto
álbum dos americanos do Warbringer, trazendo uma temática interessante (porém
clichê – Guerra Mundial) e uma maravilhosa arte para capa, feita pelo
renomadíssimo Andreas Marshall. Talvez por terem nascido em terras norte
americanas, suas maiores influências estejam na Bay Area, sentimos o cheiro de
Exodus (principalmente na estrutura dos vocais) e Testament (vários momentos do
instrumental) por toda a parte. Mesmo assim, consigo notar grandes
similaridades com o Destruction e Kreator, mostrando que a escola alemã também
teve sua força na formação desses jovens. Interessante como conseguiram
imprimir um ritmo variado ao disco, fazendo transições imperceptíveis entre a
velocidade extrema e momentos mais cadenciados, sem perder impacto (“Spectal
Asylum” é um belo exemplo disso). A primeira parte do álbum é mais porrada,
mais rápida e direta, reservando a técnica e riffs mais intricados para a
segunda parte, temos inclusive a última faixa com mais de 11 minutos (isso
mesmo, uma faixa de Thrash com mais de 11 minutos de duração!), uma jogada
ousada e desafiadora, mas que funcionou muito bem. “When The Guns Fell Silent”
traz de tudo um pouco, introdução lenta com narrações, passagens de baixo
isolado, riffs com guitarras gêmeas, solos, dedilhados de guitarra, enfim, uma
música bastante variada e surpreendente. E isso responde muita coisa que
mencionei acima, sobre inovar e trazer novos sabores ao surrado Thrash Metal –
pontos extras ao Warbringer. “Divinity Of Flesh” é uma das minhas favoritas,
abusando das guitarras dobradas, seu riff inicial é matador e viciante,
flertando abertamente com o Melodic Death Metal, técnica apurada (que me
lembrou um pouco de Trivium com Revocation), tudo isso fez com que esse fosse o
ponto alto do disco, uma das melhores da banda até o momento. “Woe To The
Vanquished” sai da zona de conforto, experimenta um pouco mais e ganha meu
respeito exatamente por essa ousadia, pela necessidade de mostrar algo novo,
mesmo que não seja nada espetacularmente fora da curva, mas trouxe de volta
minha vontade de ouvir o bom e velho Thrash Metal. Olhos e ouvidos abertos ao
que o Warbringer ainda pode nos trazer no futuro.
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