segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Review: Lottors – Mirage


Por Pedro Humangous

Ah esse Metal brasileiro que não cansa de nos surpreender...! Quem é o louco que diz que as bandas daqui são inferiores ou não prestam? Com essa facilidade tecnológica atual, muitas bandas renegadas às garagens e estúdios locais, hoje podem gravar um disco de alta qualidade e atingir um público mais amplo na internet e consequentemente em seus futuros shows. Confesso que não tinha ouvido falar ainda do Lottors e não sabia o que esperar ao ver essa belíssima arte que ilustra a capa (méritos para Carlos Fides da Artside). E sinceramente, ao colocar o disco pra rodar, continuava sem saber o que esperar de cada segundo que ia sendo apresentado. Uma mistura incrível de estilos e experimentalismos transborda o caldeirão intitulado “Mirage”. Temos aqui um Prog Metal recheado de guitarras de sete cordas (ou oito, não sei), partes mais agressivas e extremas, com quebras de tempo insanas e um vocal que parece ter saído de um manicômio. Notamos também uma forte influência desse mais recente gênero chamado Djent, misturado com linhas vocais que variam entre o gutural e o limpo num estilo Mike Patton (Faith No More). Resumindo, o negócio é loucura total, imprevisível e constantemente interessante. O mais incrível é que todo esse som é feito por um trio, formado por João Augusto (baixo e vocais), David Schilckmann (guitarras) e Julio Duarte (bateria). O timbre das guitarras é animal, bem como o bom gosto na construção dos solos que invadem as músicas sem aviso prévio. A bateria também está nervosa e desafiadora, seguida de perto pelas linhas criativas e encorpadas do baixo. O vocal é bastante versátil, mas as vezes peca por experimentar demais e acaba soando estranho em alguns momentos como na faixa “Broken Bird”. O álbum é recheado de vinhetas entre as músicas, gerando um clima interessante na audição completa do trabalho – no total são 14 faixas e quase uma hora de música. Minhas favoritas são  “Pot Of Greed” e “Whar I Left To Bleed”, ambas extremamente complexas e diversificadas, creio que são as que melhor definem a proposta do Lottors. O instrumental me deixou de queixo caído, eu só recomendaria uma leve melhorada nas partes limpas do vocal e quem sabe experimentar uns guturais mais fechados, iriam contrastar muito bem com os mais rasgados e abertos. Definitivamente uma das revelações nacionais do ano! Ouça! Nota: 9,0


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