Dimitri Brandi - A resposta dos fãs e da crítica tem sido
sensacional, estamos muito surpresos e orgulhosos. Fomos mencionados entre os
melhores do ano de 2011 por várias publicações. Até sites que não são
especializados em metal
deram destaque para o disco. Os fãs também têm comentado que
é nosso melhor trabalho, o que é muito legal de ouvir depois de treze anos de
banda. Mostra que não nos acomodamos com as dificuldades, que não são poucas,
de manter uma banda underground no Brasil.
E que ainda temos energia para brigar pelo metal e continuar
fazendo boa música. Eu também acho que “I Only Smile Behind the Mask” é nosso
melhor trabalho, mas espero que o próximo seja ainda melhor.
Dimitri - Credo, que pergunta difícil (risos). Não me
peça para dizer de qual eu
gosto mais (risos). Na verdade, cada membro da banda tem a sua preferida. A
minha é a “The Girl”, mas o resto da banda discorda. Estamos usando a “Throwing into Chaos” como
cartão de visitas, ela saiu em várias coletâneas, como a Faces of Hate e na própria coletânea da Hell Divine. É uma música
feita para pegar o ouvinte logo de cara, com a introdução brutal de bateria e aqueles
riffs meio Grave Digger, meio heavy
clássico na estrofe. Já a “Dying Grief”, preferida do Alexandre (Tamarossi,
baterista), tem riffs meio
diferentes, algo que é bem característico da banda, uma levada totalmente thrash e uma parte
climática, ritmada e progressiva no meio, antes do solo. Aliás, no solo eu me
inspirei no Neal Schon, guitarrista do Journey. Acho que é um influência muito
inusitada para um guitarrista de Death Metal, não?
Dimitri - Absolutamente ninguém se interessou, cara. Digo pelo Brasil, pois o álbum ainda não foi divulgado no exterior. Torço para que algum selo de fora se interesse.
Dimitri - Não é uma “lei”, no sentido de ser uma
imposição. Sai naturalmente, acho que esse é o som do Psychotic Eyes, é o som que sempre nos inspirou.
Quando começamos a banda queríamos tocar exatamente isso: algo entre o thrash e o death, com influências
variadas. Eu sempre compus riffs mais voltados pro heavy tradicional, então foi
fácil encaixar essas influências num contexto mais extremo. O Alexandre também
sempre foi um baterista muito rápido, com um domínio incrível do pedal duplo e
viradas na velocidade da luz. Além disso, sempre tivemos a sorte de contar com
baixistas meio doidos que gostam de linhas de baixo marcantes. E o Douglas (Gatuso,
baixista) é o melhor de todos nesse quesito, além de ser o melhor baixista que
já passou pela banda ele é o que melhor encarnou esse espírito “progressivo”.
Essa soma toda define o que é o
som do Psychotic Eyes, então acaba saindo tudo muito
naturalmente.
Dimitri - Ainda não começamos a trabalhar nas letras do
próximo trabalho. Mas já surgiram algumas idéias. Um filme que nos marcou muito
é o “Man from Earth”, provavelmente vamos trabalhar algo sobre ele no próximo
disco. Tenho lido também muita coisa sobre neurociência, estruturas do
pensamento e a relação entre ciência, religião e psicologia. Com certeza esse
tema vai ganhar pelo menos uma letra. Obviamente não vou deixar a ficção
científica de lado, é o meu estilo literário favorito. A “The Humachine” é
inspirada num livro do David Gerrold, roteirista de vários episódios de Star
Trek, chamado “O diabólico cérebro eletrônico”. Eu gostaria de trabalhar obras
de outros autores, Robert E. Heinlein, quem sabe. Um dos meus autores
preferidos é o Orson Scott Card, roteirista do “Segredo do Abismo”, cuja série
“Seventh Son” inspirou um certo álbum do Iron Maiden (risos). Mas isso ainda
são idéias, como te disse, as letras do próximo álbum ainda não existem. Outra
idéia é trabalhar mais frases em português, pois achei que isso funcionou muito
bem nos versos finais de “Welcome Fatality”, primeira vez que cantei algo na
nossa língua.
Dimitri - Ainda estamos pensando no roteiro do clipe.
Já lançamos dois vídeos no Youtube, para “Celebrate the Blood” e “Carnage is My
Name”, as duas do primeiro CD. O clipe da “Carnage” foi gravado ao vivo, no
show que organizamos em Guraulhos/SP para comemorar os dez anos da banda. Ficou
um resultado muito legal, pois o Alex Nasser (produtor do primeiro álbum) levou
toda a parafernália de
gravação e captou o áudio do show como se fosse a gravação de
um álbum. Muita gente comenta que o som nem parece ao vivo. Mas desta vez
queremos fazer um vídeo diferente do normal do underground brasileiro. Não
queremos só mostrar a banda tocando, queremos um clipe de verdade, com história e atores.
Isso encarece o investimento e acaba demandando mais planejamento. A letra da
música merece, é uma obra fantástica do Adriano Villa, grande poeta e escritor.
Dimitri - As letras são importantes, eu me dedico muito
a elas quando estamos preparando o material. Penso em cada palavra e faço
várias mudanças, às vezes na hora do “gravando”. Mas eu estaria te enganando se
não dissesse que o instrumental é
mais importante. Mais até que os vocais. Ficamos meses
debruçados nos detalhes, às vezes anos (risos). Outras vezes o arranjo sai mais
espontâneo, houve várias músicas compostas nos ensaios. Mas a gente acaba sendo meio perfeccionista,
gostamos de transcrever as partituras das músicas, analisar cada compasso,
testar tonalidades diferentes. Até as linhas de bateria que o Alexandre compõe
ele gosta de transcrever, não sei como ele tem tanta disposição! A primeira vez
que ele me mostrou uma partitura de bateria eu achei que ele era louco (risos), mas é
impressionante como isso facilita o processo de composição e de gravação.
Dimitri - Eu que
agradeço pelo espaço, Christiano! O trabalho da Hell Divine em prol do metal extremo brasileiro é
sensacional. Dá gosto ver que a imprensa underground está
evoluindo bastante, com gente como você, que gosta de pesquisar e apoiar a
música extrema feita no Brasil, sem perder o profissionalismo. Espero que os
leitores da revista baixem, ouçam e comentem o nosso “I Only Smile Behind the
Mask”. Afinal, da mesma forma que a
revista , ele é
virtual e gratuito!
Entrevista por Christiano K.O.D.A.
Baixe “I Only Smile Behind The Mask” do Psychotic Eyes gratuitamente:
http://psychoticeyesbrazil.blogspot.com.br/p/downloads_27.html
Muito boa a entrevista. O trabalho da Psychotic Eyes é muito bom mesmo. Tive o prazer de fazer um programa de quase três horas com o Dimitri para a minha rádio, a KFK Webradio. longa vida ao Blog e a banda!
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