A banda Kliav surgiu – aparentemente – do nada e já está fazendo um tremendo barulho na cena underground da música pesada! Recebeu críticas extremamente positivas de vários músicos e especialistas do meio. O grupo acaba de lançar um EP e um vídeo clipe de ótima qualidade! Conversamos com eles para sabermos um pouco mais sobre essa trajetória ascendente, veja:
HELL DIVINE: Sejam bem vindos amigos da banda Kliav! A Hell Divine busca sempre apoiar as bandas do underground brasileiro e com vocês não seria diferente! Conte-nos um pouco como tudo começou.
Kliav: Muito obrigado pelo espaço! Prometemos não desapontar nenhuma expectativa! Da mesma forma que começamos responder esta entrevista, trilhamos nosso caminho até aqui com humildade, essa é a palavra que descreve e vai continuar escrevendo nossas ações. Existem muitas bandas talentosas no meio underground, muitas pessoas dispostas a pagar o preço do destaque, muitas ainda que exibam uma criatividade única, acreditamos que partimos do zero, não temos expressividade em nenhum dos adjetivos acima, mas temos a consciência de que se você trabalha para um resultado, você o atinge, e a melhor maneira que encontramos de fazer isso é exigir o máximo de nós mesmos e o mínimo dos outros.
HELL DIVINE: O vídeo para a música “Bullet Time” ficou incrível e recebeu ótimos elogios. Quem foi o responsável pela idéia e quem efetivamente executou?
Kliav: Somos uma máquina de sonhar. “Bullet Time” teve cinco outros enredos possíveis, mas chega uma hora que precisamos manter o foco e tirar tudo do mundo das idéias e coloca no mundo real. Isso é triste pois temos que matar idéias que talvez nem sejam mais usadas, mas fazer o que... É o preço de se terminar algo, abandonar os outros caminhos e seguir até o fim no escolhido, seja ele certo ou errado... Em todos os possíveis roteiros, os únicos elementos que se repetiam eram as duas garotas, a idéia central era trabalhar com a ausência de expressão, tratar sobre a mecânica com a qual as coisas acontecem, uma garota cortando a outra sem nenhum foco para a dor ou para a defesa, queríamos somente as garotas e suas ações, queríamos o carinho entre elas e erradicar as sensações para transmitir a frieza entre as pessoas que é ignorada, e erroneamente chamada de “sentimentos”. É tudo falso, tudo é mecânica biológica. Contratamos o pessoal do Studio Kaiowas, Léo Alves e Thiago Pinheiro, e ainda os agradecemos pela paciência para com nosso método de trabalho, pois não admitimos alteração nenhuma em nosso roteiro original, cada objeto e elemento em “Bullet Time” tem seu significado. Não buscávamos apenas um registro em vídeo da nossa música, tinha que ser algo maior, e eles foram profissionais em todas as etapas da produção. Alguns nomes que fizeram o clipe existir: Nana Caselatto tomou conta de toda maquiagem, atrizes convidadas foram Tamara Dubois (A loira) e Mônica Naganava (A morena), a equipe de produção contou com Sandro Tozato (Cinegrafista), Ronaldo Dragon (Técnico de Luz) e Diego “Sangue” Turi (Assistente). Procuramos durante um mês algum cenário que passasse este tipo de “frieza mecânica” e nenhuma das locações foi mais bem aceita e conivente com o tema do clipe quanto uma fábrica. Resolvemos tudo em um mesmo dia, chegamos ao set às 7h30 e finalizamos as captações às 22h. Pensamos que seria cansativo, mas ao contrario, quando acabou ainda estávamos cheios de novas idéias, foi difícil dormir naquela noite.
HELL DIVINE: O EP foi lançado há pouco tempo e pode ser baixado gratuitamente no site da banda. Existe a versão física do mesmo? Vocês acreditam ainda na venda de discos?
Kliav: Lançamos o EP “This is a new KLIAV” com a produção de Ricardo Picolli sem a intenção de fazer dinheiro, assim como a maioria das bandas, fazemos versões impressas do CD para distribuir em shows e para aqueles que precisam de algo tangível para ouvir nossas músicas. Sinceramente não acreditamos na venda de CD físicos por uma razão simples, não há retorno financeiro de quem vende CDs. Com a internet fazendo um trabalho maravilhoso de divulgação e do livre transito de arquivos, é natural que ela force os músicos a buscar formas alternativas de vender seus trabalhos. Com isso, os CDs começam a ficar ou muito baratos e com acabamentos que não valem o preço, ou muito caros com acabamentos que só servem para os colecionadores. Acreditamos, porém, que é possível viver de música. Antigamente, a função do CD era disseminar o trabalho do artista para que ele pudesse fazer os seus shows pelos quatro contatos do mundo. Hoje isso é possível sem custo algum... Por isso defendemos que nossas músicas circulem livremente sem que ninguém precise pagar por isso, e se gostarem, quem sabe queiram ver executado ao vivo! É o clichê, o que nos pertence é aquilo que retorna, mas se são livres e não voltam, nunca foram nossos... Essa é nossa vida.
HELL DIVINE: Uma outra saída para as bandas é a venda de merchandise. Pesquisando no site de vocês, notei que possuem camisetas incríveis também. Como tem sido a venda desse material?
Kliav: Somos uma banda que ainda não tem história, começamos há bem pouco tempo. Estamos longe de dizer que estamos arrebentando nas vendas de merchandise. Nosso foco não está sendo este no momento, mas é lógico que seria maravilhoso se pudéssemos pagar todas as nossas despesas apenas vendendo nosso material, mas a realidade é outra, precisamos viver ainda na dupla jornada, e para não desapontar quem acredita em nós, ao se tratar de Kliav. Nossa preocupação é exclusivamente com as composições e os shows, e quem sabe um dia nos tornemos uma banda relevante no cenário assim como alguns de nossos amigos e ídolos, e ai sim vamos sentar e discutir sobre isso! Resumindo, no momento estamos lutando para ter um nome de valor, quem sabe depois, tenhamos valor no nome.
HELL DIVINE: O vocalista Theago Loco usa um tipo de máscara no vídeo, sendo impossível não associá-los ao Slipknot. Vocês acham que possuem alguma influência deles no visual e/ou na sonoridade?
Kliav: Slipknot é uma banda e tanto, nos sentiríamos elogiados se essa comparação continuasse ao longo de nossa trajetória. Quando o pessoal do KIss veio pro Brasil e se depararam com o Secos e Molhados, pensaram: “Hey! Pintar a cara pode ser legal”! A verdade é que tudo é influencia de alguma coisa, ninguém caiu do berço, pegou uma vitrolinha de plástico e gritou “Essa daqui é STAIRWAY TO HEAVEN”! Brincadeiras à parte, acredito que o ideal é que as bandas sejam fiéis ao que se comprometem fazer. Rótulos, comparações e preconceitos só permeiam enquanto a banda ainda não tem uma história junto a seus fãs. Quem não se lembra quando o Slipknot era citado exaustivamente em frases como “Ah! Outra banda seguindo essa modinha de New Metal? Não dou um ano e essa banda sumir!”. Se Slipknot sofreu com preconceito, quem somos nós em querer pular esta etapa? Estamos nos esforçando dia a dia para chegar lá, e só andamos para trás pra pegar impulso.
HELL DIVINE: Ainda falando em sonoridade, a gravação do EP ficou muito boa, com composições de alto nível, mesclando diversas influências em seu som. O que vocês costumam ouvir no dia a dia?
Kliav: Ouvimos tanta coisa que ficaria parecendo planilha de Excel se eu começar a escrever todos os grandes artistas que fazem nossa cabeça. Temos uma variação cultural muito grande, tanto no Brasil quanto no mundo. Antes a música que você ouvia na rádio da sua cidade influenciava seus gostos musicais, hoje a internet traz o planeta terra e toda a sua carga de novas manifestações musicais todos os dias disponíveis a um click de distância. Em um mundo como este, achamos primitiva a opção de ouvir somente um segmento de música, ouvir apenas Heavy Metal, ou Rock, ou MBP ou Rap... Em uma realidade como esta, o que mais nos beneficia é expandir nossa mente para que nela possa caber diferentes timbres e diferentes ritmos, isso faz Kliav soar talvez, mesclado. Mas para quem quer uma resposta direta e sem divagações, segue uma lista de artistas que lotam nossos CDs indo e vindo dos shows da Kliav: Sepultura, Soufly, Metallica, Pantera, Rammstein, Racionais MCs, GOG, System of a Down e por ai vai... e vai muito mesmo!
HELL DIVINE: O que significa KLIAV e qual a relação com a arte da capa? Existe alguma conexão com as letras também?
Kliav: Kliav é um nome próprio, de um ser que só existe quando os integrantes estão reunidos em um palco. Assim, torna-se uma criatura que assume os defeitos do homem, que se embriaga na ignorância, é a síntese da humanidade que terceiriza sua culpa. A capa do EP mostra isso, a raiz da guerra é a busca pela paz, entre interesses, entre povos, entre ideais, quando na verdade, a guerra, assim como nosso Kliav, durante seu processo vida, assume forma própria e ignora a existência dos homens, consome todos os lados sem se importar que seu significado seja alterado, e a famigerada guerra torna-se tão mais importante que os humanos, que se imortaliza, enquanto nós, que ainda estamos vivos, apenas vislumbramos no horizonte as crueldades contra nossos semelhantes, humanos, imaginando como uma criança, que aquilo nunca vai chegar até nós... É disso que fala algumas de nossas músicas.
HELL DIVINE: Como anda a divulgação do trabalho e a agenda de shows? O que podemos esperar da banda para 2012?
Kliav: 2012 é o tão aguardado apocalipse! E mesmo se não for, e que muitas pessoas fiquem indignadas com o cancelamento de uma data tão importante como esta, nós da Kliav vamos continuar trabalhando para ganhar nosso espaço como se não houvesse amanhã!
Estamos com uma parceria muito produtiva com a Sol Brocanelli da Ziv Produções, que está dividindo conosco esse sonho de viver pela música. Pretendemos lançar nosso primeiro DVD, com mais um clipe além de Bullet Time, making-offs e entrevistas para estreitar os laços com nosso público, mostrando um pouco mais sobre nós. Estamos apostando que este ano muita coisa boa vai acontecer, vamos trabalhar para isso. E show é show, é a única forma de mostrarmos do que realmente estamos falando, tentaremos preencher muito palco este ano.
HELL DIVINE: Obrigado pela entrevista e parabéns pelo belo trabalho! Continuem firme nessa dura jornada que é o underground! Esperamos vê-los ao vivo em breve!
Kliav: Muito obrigado pela oportunidade dada! Existem bandas com a história bem mais recheada que a nossa, por essa e outras razões, nos sentimos muito mais honrados pela oportunidade de divulgação numa revista de renome como esta, somos novos na cena, mas somos determinados! Esperamos nos esbarrar no próximo Show! KLIAV!!!! http://kliav.com
Entrevista por Pedro Humangous.
Contato:
Sol Brocanelli (Manager)
11 9297.1622
Sol.brocanelli@zivworldmusicpress.com
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