domingo, 8 de janeiro de 2017

Review: Opeth – Sorceress


Por Pedro Humangous

Complicada a tarefa de resenhar um disco de sua banda favorita. Principalmente por se tratar do Opeth, banda que dividiu opiniões nos últimos anos, mudando sua sonoridade completamente nos três álbuns mais recentes de sua discografia. Uma grande parte dos fãs adorou a mudança, outra grande parcela simplesmente não suportou. Há uma parcela significativa, e eu me enquadro nesse grupo, que conseguiu curtir e assimilar as duas fases da banda. Obviamente o que me fez curtir essa incrível banda sueca foi a perfeita transição que faziam entre seu lado mais obscuro, extremo e a beleza dos violões e vocais limpos, a calmaria e a tempestade caminhando juntas. É importante dizer que para essa resenha, não li nenhum comentário ou críticas sobre o álbum, nem ouvi as músicas em outro lugar até que tivesse o CD em minhas mãos. Portanto, com olhos e ouvidos virgens, transcrevo minha percepção desse que é o décimo segundo trabalho do Opeth. Se você está curioso para saber se trouxeram de volta os guturais, não, infelizmente não foi dessa vez. Se fizeram falta? Pela primeira vez, nessa nova fase, não senti falta dos vocais, pois compensaram o peso nos instrumentos. As guitarras estão muito mais carregadas, com um timbre mais sujo, abusando de passagens mais técnicas e de um Prog mais atual – sem deixar de lado o ar setentista, já característico. Acredito que tenham encontrado em "Sorceres" seu equilíbrio, um mix entre “Heritage” e “Pale Communion”. Dá pra notar que o grupo está mais coeso, se sente mais confortável em suas composições. Incrível como exploram bem o “vazio”, momentos de pura introspecção, onde quase não há instrumentos, mas há muito conteúdo, tudo tem um propósito no som do Opeth, e quanto mais você ouve, mais você percebe os pequenos detalhes. Parece que finalmente a estranheza passou e com conforto aos ouvidos podemos curtir um disco do Opeth, sem julgamentos, sem questionamentos. A linda introdução, “Persephone”, com uma pegada Folk, eleva o espírito e nos prepara para “Sorceress”, a primeira faixa liberada antes do lançamento oficial do disco. Nela temos um baixo bastante presente e criativo, seguido na cola pelas guitarras, numa levada Jazz/Prog, tudo acompanhado por linhas vocais assertivas, bem diferente do que estamos acostumados a ouvir – um belo cartão de visitas. “The Wilde Flowers” logo me encantou na primeira audição, as partes mais aceleradas seguida de um solo de tirar o fôlego e a parte mais calma no meio, com o fim impactante, deixou tudo muito bem diversificado, imprevisível. “Will O The Wisp”, acústica no estilo balada, é "legalzinha", mas enjoa rapidamente. É bem construída, mas definitivamente é minha menos favorita no álbum. Para compensar, emendam com uma paulada certeira em “Chrysalis”, psicodélica, veloz e repleta de teclados insanos, isso sem falar nas linhas absurdas de bateria, certamente uma das melhores até aqui. “Sorceress 2” segue a linha calma e acústica, com voz, violão e teclados – belíssima faixa, mas pouco marcante se comparada às demais. “The Seventh Sojourn” é bem diferente, com tambores e percussões, parecem músicas árabes e egípcias (me lembrou a trilha sonora do jogo Diablo II), bem atmosférica e rica em detalhes. “Strange Brew” incorpora de vez o espírito de bandas dos anos 70 e sua inegável influência, latente e pertencente ao Opeth agora. As demais, que fecham o álbum, “A Fleeting Glance”, “Era” e “Persephone (Slight Return) seguem na mesma linha, com começo mais lento e seco, culminando em algo mais robusto e pesado. A versão brasileira, lançada em parceria entre a Nuclear Blast e Shinigami Records, vem num digipack duplo, lindão, com destaque para as maravilhosas artes que embalam o pacote (Travis Smith se superou dessa vez, a capa foi minha favorita do ano). O disco bônus traz ainda duas fantásticas composições, “The Ward” e “Spring MCMLXXIV”, além de mais três registros ao vivo, “Cusp Of Eternity”, “The Drappery Falls” e “Voice Of Treason”, ou seja, barba, cabelo e bigode! O melhor álbum do Opeth dessa nova fase e um dos destaques de 2016! E o que podemos esperar daqui pra frente? Felizmente e infelizmente, impossível prever!


Compre o seu AQUI

Nenhum comentário:

Postar um comentário