Por Pedro Humangous
Complicada a tarefa de resenhar
um disco de sua banda favorita. Principalmente por se tratar do Opeth, banda
que dividiu opiniões nos últimos anos, mudando sua sonoridade completamente nos
três álbuns mais recentes de sua discografia. Uma grande parte dos fãs adorou a
mudança, outra grande parcela simplesmente não suportou. Há uma parcela
significativa, e eu me enquadro nesse grupo, que conseguiu curtir e assimilar
as duas fases da banda. Obviamente o que me fez curtir essa incrível banda
sueca foi a perfeita transição que faziam entre seu lado mais obscuro, extremo
e a beleza dos violões e vocais limpos, a calmaria e a tempestade caminhando
juntas. É importante dizer que para essa resenha, não li nenhum comentário ou
críticas sobre o álbum, nem ouvi as músicas em outro lugar até que tivesse o CD
em minhas mãos. Portanto, com olhos e ouvidos virgens, transcrevo minha
percepção desse que é o décimo segundo trabalho do Opeth. Se você está curioso
para saber se trouxeram de volta os guturais, não, infelizmente não foi dessa
vez. Se fizeram falta? Pela primeira vez, nessa nova fase, não senti falta dos
vocais, pois compensaram o peso nos instrumentos. As guitarras estão muito mais
carregadas, com um timbre mais sujo, abusando de passagens mais técnicas e de
um Prog mais atual – sem deixar de lado o ar setentista, já característico. Acredito
que tenham encontrado em "Sorceres" seu equilíbrio, um mix entre “Heritage” e
“Pale Communion”. Dá pra notar que o grupo está mais coeso, se sente mais
confortável em suas composições. Incrível como exploram bem o “vazio”, momentos
de pura introspecção, onde quase não há instrumentos, mas há muito conteúdo,
tudo tem um propósito no som do Opeth, e quanto mais você ouve, mais você
percebe os pequenos detalhes. Parece que finalmente a estranheza passou e com
conforto aos ouvidos podemos curtir um disco do Opeth, sem julgamentos, sem
questionamentos. A linda introdução, “Persephone”, com uma pegada Folk, eleva o
espírito e nos prepara para “Sorceress”, a primeira faixa liberada antes do
lançamento oficial do disco. Nela temos um baixo bastante presente e criativo,
seguido na cola pelas guitarras, numa levada Jazz/Prog, tudo acompanhado
por linhas vocais assertivas, bem diferente do que estamos acostumados a ouvir
– um belo cartão de visitas. “The Wilde Flowers” logo me encantou na primeira
audição, as partes mais aceleradas seguida de um solo de tirar o fôlego e a
parte mais calma no meio, com o fim impactante, deixou tudo muito bem
diversificado, imprevisível. “Will O The Wisp”, acústica no estilo balada, é "legalzinha", mas enjoa rapidamente. É bem construída, mas definitivamente é
minha menos favorita no álbum. Para compensar, emendam com uma paulada certeira
em “Chrysalis”, psicodélica, veloz e repleta de teclados insanos, isso sem
falar nas linhas absurdas de bateria, certamente uma das melhores até aqui.
“Sorceress 2” segue a linha calma e acústica, com voz, violão e teclados –
belíssima faixa, mas pouco marcante se comparada às demais. “The Seventh
Sojourn” é bem diferente, com tambores e percussões, parecem
músicas árabes e egípcias (me lembrou a trilha sonora do jogo Diablo II), bem
atmosférica e rica em detalhes. “Strange Brew” incorpora de vez o espírito
de bandas dos anos 70 e sua inegável influência, latente e pertencente ao Opeth
agora. As demais, que fecham o álbum, “A Fleeting Glance”, “Era” e “Persephone
(Slight Return) seguem na mesma linha, com começo mais lento e seco, culminando
em algo mais robusto e pesado. A versão brasileira, lançada em parceria entre a
Nuclear Blast e Shinigami Records, vem num digipack duplo, lindão, com destaque
para as maravilhosas artes que embalam o pacote (Travis Smith se superou dessa
vez, a capa foi minha favorita do ano). O disco bônus traz ainda duas
fantásticas composições, “The Ward” e “Spring MCMLXXIV”, além de mais três
registros ao vivo, “Cusp Of Eternity”, “The Drappery Falls” e “Voice Of
Treason”, ou seja, barba, cabelo e bigode! O melhor álbum do Opeth dessa nova
fase e um dos destaques de 2016! E o que podemos esperar daqui pra frente?
Felizmente e infelizmente, impossível prever!
Contato: https://www.facebook.com/Opeth
Compre o seu AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário