domingo, 15 de janeiro de 2017

Review: Meshuggah – The Violent Sleep Of Reason

(Gravadora: Nuclear Blast / Shinigami Records)

Por Pedro Humangous

Já me pediram uma vez para descrever o som que o Meshuggah faz e simplesmente não encontrei as palavras corretas que fizessem sentido. É algo único, distinto, irrotulável. “The Violent Sleep Of Reason” é o oitavo álbum dos suecos que conquistaram o mundo com seu som tétrico, absurdamente técnico e de dificílima digestão. Logo na primeira faixa, “Clockworks”, já fiquei de queixo caído com tamanha potência sonora, guitarras e baixo ultra encorpados, afinações baixas em "milhares" de cordas, uma bateria completamente quebrada e um vocal insano. Tudo aqui parece um quebra-cabeça onde cada peça desempenha seu importante papel para que a obra seja revelada no final. “Bater cabeça” ao som do Meshuggah parece tarefa impossível, pois os ritmos são imprevisíveis, fora do tempo “comum” – aliás, nada aqui é dentro dos padrões. Ainda estou impressionado com o timbre das guitarras, estão perfeitos, conseguem ser agressivos e pesados, mas ao mesmo tempo pode-se dizer que soa cristalino. A produção e mixagem estão impecáveis, você sente a pressão como uma verdadeira barreira de som impactando seu peito e ouvidos. Apesar de não trazer nada exatamente novo, a fórmula criada por eles se mantém firme e eficaz. Se comparado aos dois álbuns que precedem este, “Obzen” de 2008 e “Koloss” de 2012, nota-se uma evolução constante na parte técnica, na precisão, na forma brilhante com que deixam tudo ainda mais extremo e mais belo. Os solos estão maravilhosos, trazendo certo respiro às composições, gerando aquela atmosfera tão estranha e familiar. Muitos dão o crédito ao Meshuggah por terem criado o chamado “Djent”, fórmula que se espalhou pelo mundo feito um vírus letal, estilo adotado por nove entre dez bandas da atualidade. Mesmo com essa enxurrada de bandas seguindo por esse caminho, eles ainda ditam as regras e reinam soberanos. A maioria das faixas tem longa duração, passando dos seis minutos, fator que em alguns casos acaba sendo negativo, pois os riffs se repetem demasiadamente, fadigando a audição do meio para o fim. Os pontos interessantes são as guitarras dissonantes, o Groove intenso, a complexa e inteligente bateria e o fator surpresa, sempre presente. Aqui todas as músicas são igualmente insanas, mas destaco as viciantes “MonstroCity” e “Ivory Tower”. Apesar de não ser um disco de fácil compreensão e necessitar de várias audições, esse foi um dos álbuns do Meshuggah que mais me identifiquei, onde as músicas se tornaram mais marcantes com rapidez. Carreira e discografia impecáveis, um álbum melhor que o outro. 



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